
Um das idéias que ajudam a fazer pensar vou louquejar aqui: o quanto nos esquecemos que vivemos numa realidade de aparências, onde possíveis interpretações se tornam as coisas em si. Quando digo que um dia possui 24 horas, na verdade isso é uma interpretação possível para aquilo que defino como dia: a percepção do tempo em horas que se aproxima de um interpretável ciclo. Assim, a ciência chama o tempo que a Terra leva para fazer uma rotação completa sobre o seu eixo. Porém, este 24 horas da forma como o concebemos não corresponde em sua exatidão a 24 horas. No final, as contas não fecham! Precisamos ajustar a realidade para satisfazer nossos interesses. As cores são outro exemplo: o que vejo como verde, para um daltônico é vermelho. Para um outro animal, pode ser qualquer outra (idéia de) cor. Até o nome da coisa em si, verde e sua associação a uma determinada cor, é uma interpretação particular da nossa espécie sobre tal fenômeno. A matemática, e suas fantasias sobre a explicação de todas as coisas pelo número, é outro exemplo. Quando inventamos que o fatorial de zero é um, isso é o acomodamento conveniente para explicar uma deficiência em nossa interpretação possível do mundo pelo número.
Nada disso constitui, em essência, um conhecimento verdadeiro, somente um conhecimento possível. Alguém pode perguntar-se: existe um conhecimento verdadeiro? Ou a vida mesmo, e tudo que nos cerca, é uma interpretação conveniente daquilo que percebemos como real? Parece-me que para todas as coisas que existem não podemos alcançar a sua essência; supondo mesmo que exista tal essência. Até mesmo as palavras estão carregadas de interpretações e associações de modo que, ao nascer, o sujeito já ganha um mundo pronto, com verdades, regras e conceitos já pré-definidos e não raro é incapaz de perceber que este estado de coisas é apenas uma única interpretação possível que foi criada ao longo de séculos pelo homem.
Ao perceber que se vive numa realidade falsificada pelo homem, e que o questionamento e reinvenção de tudo que há não é apenas possível, como desejável, infinitas possibilidades a apimentar o chá são possíveis. Para muitos, viver com as pequenas verdades que lhe foram dadas é o suficiente; e dão o nome de crença à interpretação do mundo que acreditam ser real. E, para ser resistente, não pode ser contestada. As religiões são um câncer cuja origem é o medo da percepção que na realidade não há realidade, apenas interpretações de realidades. No cristianismo, duvidar é já pecar! Mas isso é assunto para outro louquejar...
Namaste!
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