sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Um Ano Louquejando em Papua Nova Guiné

"O que destrói um homem mais rapidamente que trabalhar, pensar e sentir sem uma necessidade interna, sem um profundo desejo pessoal, sem prazer - como um mero autômato do dever?"

Nietzsche, em O Anticristo

Estava eu entretido observando a ordenação simétrica de um conjunto de formigas quando, ao retornar à realidade sentindo o chão a tremer em função da fúria da mãe terra, percebi que o tempo passou e este espaço de voyeurismo pós-moderno estava completando um ano de existência.

Pois seja: um ano louquejando com chá! Meu alter ego não imaginava que isso fosse possível. Assim como ocorrem nas empresas Impávido-colossensses, que em geral findam cedo, igualmente os web-blogs espalhados na Grande Rede também têm vida curta. Ocorre que para o tipo homem a persistência é uma virtude pouco desenvolvida pois, na verdade, ele promete ser melhor, mas esquece.

E, pensando em todo este estado de coisas, um louquejar ocorreu-me: como, na verdade, este blog é um anti-blog que difere significativamente dos que se encontram por aí. Aqui os textos são longos e com devaneios, divagações, reflexões, inflexões, pré e pósflexões e ocorrem poucas publicações ao longo de um mês (imagina, caro leitor, vários louquejares ao dia, não há chá que sustente!). O texto é rebuscado e não pretende esclarecer o nobre leitor, tampouco ser amigável, claro ou objetivo. Meu alter ego escreve com o coração e quem assim o faz escreve antes de mais nada para si mesmo e não para outrem.

Ao pensar, porém, que alguns leitores já manifestaram algumas dúvidas e, devido a emoção da data, resolvi num gesto altruísta responder às perguntas freqüentemente realizadas e, assim, trazer respostas a um mundo que anseia por objetividade e superficialidade.


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O seu alter ego realmente toma chá com pimenta ao escrever os posts? E por que Papua Nova Guiné?

R: Sim, tomo-lo. Senão fisicamente, em meus louquejares. E Papua Nova Guiné é um local mágico, como as Ilhas Bermudas, Pasárgada ou a Ilha de
Lost.

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Qual o sentido do blog?

R: Aliviar a tensão da estupidez ordinária do estar-vivo ao mesmo tempo que ocupo o meu tempo com coisas realmente importantes, como louquejar ou devanear.

# Por quê o seu alter ego utiliza o termo Impávido Colosso para se referir ao Brasil?

R: No hino nacional, o alter ego brasileiro se autodefine como és belo, és forte, impávido colosso. Como aqui quem escreve não sou eu, mas meu alter ego, nada mais apropriado que se referir diretamente ao alter ego tupiniquim.

# Por quê ao término de cada post há a saudação "namaste"?

R: Porque assim o quer o espírito de gravidade.

# O seu alter ego é contra a democracia?

R: Não, sou plenamente a favor. Porém apenas a legítma democracia, que é a democracia grega. O modelo democrático atual é falso sob qualquer ângulo que se analise.

# Chá com pimenta é na verdade uma metáfora para psicotrópicos?

R: Chá com pimenta é o supra-sumo da psicotropia com uma dose cavalar de louquejares.

# Como acontecem os louquejares que dão origem aos posts?

R: É um processo semelhante ao recebimento de espíritos por pais-de-santo. Como se sabe, os espíritos estão por aí vagando querendo ser recebidos por entidades. Da mesma forma, louquejares também estão por aí, mas é preciso estar disposto a recebê-los. E, ao recebê-los, não temê-los; e sim transcendê-los.


Com tais respostas, meu alter ego espera esclarecer o nobre leitor e diminuir suas dúvidas a respeito do que aqui encontra. Caso ainda existam questões, mande-mas que, talvez, no próximo ano meu alter ego as responderá.

Namaste!

sábado, 2 de agosto de 2008

O Político, O Eleitor e a Democracia

Estava eu admirando a composição caótica de nuvens que se formam com alguma freqüência nos céus do Impávido Colosso quando, ao perceber que dois cidadãos conversavam animadamente a respeito de política e o sistema democrático, um louquejar me ocorreu. Considerando que os políticos são, em geral, vistos com desconfiança e são rotulados de incompetentes e corruptos, alguma coisa deve mudar no sistema atual para evitar, ou ao menor diminuir, a incidência desses elementos que assombram o tipo ordinário impávido-colossensse.

Pois bem: louquejei que no decadente sistema democrático é o povo que, teoricamente, elege seus representantes, que por sua vez também são o povo, porém corrupto! Afinal, as pessoas da patuléia não são corruptas ou incompetentes, apenas a classe política. Então por que não responsabilizar o povo pela escolha de seus representantes? Nada mais justo, nada mais recto...

Tal sistema poderia funcionar mais ou menos assim: ao término de cada mandato, através de diversos critérios, o político seria avaliado em relação ao seu trabalho. Um bom critério é: quantas promessas de campanha foram cumpridas? Caso atingisse um conceito A seria reeleito automaticamente, sem precisar concorrer novamente. Isso evitaria que ele perdesse tempo e dinheiro tentando buscar votos. Por sua vez, o eleitor que tivesse votado em tal político ganharia o direito de seu voto ter peso dois nas próximas eleições (isto é, seu voto valeria por dois).

Já se o político tivesse um desempenho ruim, com uma avaliação geral abaixo de 50%, o mesmo sofreria um impeachment espontâneo - ficaria inelegível por 4 anos, até as próximas eleições. Da mesma forma, o eleitor que nele tenha votado também não poderia exercer o seu direito democrático e ainda seria punido tendo de ser mesário nas eleições vindouras.

Aos eleitores que consecutivamente tenham votado em políticos cuja avaliação tenha sido ruim por 3 vezes seguidas ficariam impossibilitados de votar permanentemente e nos dias de eleição deveriam desfilar por pelo menos 2 horas pelas ruas de seu distrito eleitoral com fraldas como forma de alegrar aos demais cidadãos e refletir sobre a cagada que fizeram. Da mesma forma, políticos com desempenho ruim por várias vezes ficariam inelegíveis ad eternum.

Não é um louquejar revolucionário? Com este modelo, até o meu alter ego conseguiria aceitar a tal democracia, visto que estaria encaminhando-se para um ideal mais próximo à verdadeira democracia, além de tornar mais divertida a vida dos impávido-colossensses.

Namaste!