Pensando nisso, há uma deturpação do conceito de evolução biológica: vendem a idéia de que o computador de última geração é a solução para todos os males do mundo! E que, o último sistema operacional lançado pela empresa do poderoso nerd de Redmond é algo inovador e espetacular! E que as ovelhas devem correr para atualizá-lo e, assim, acompanhar a evolução tecnológica, cujo ideal eu me questiono e ponho-me a pensar e aí muito louquejares ocorrem... Afinal, em nome de que ou quem ou o que seja a humanidade tem pressa e sede de velocidade e busca a todo custo avançar a um patamar superior, se há uma total carência de valores dignos que justificassem tal delírio estritamente comercial? Antes, não houvesse essa suposta evolução: ao menos haveria tempo para o cruel tipo homem pensar em si e olhar-se à distância, de modo a perceber a estupidez de sua existência, e ainda mais de seus pseudo-valores sobre o estar-vivo.
E, pensando em todo este estado de coisas, percebi que uma entre as empresas que valem mais que muitos países aparentemente tem uma visão diferente e oferece muitos serviços que agregam valor, como é bonito falar, gratuitamente. O chá aqui serviço neste espaço de voyeurismo pós-moderno só existe da forma como está apresentado porque tal empresa disponibiliza esse serviço. Além deste, vários outros, como correio eletrônico, agenda, central de relacionamentos, bloco de notas, fotos, documentos e vídeos online. Sem contar com o buscador de palavras, que na sociedade contemporânea representa o portal do conhecimento de tudo que há. E tudo isso gratuitamente, aparentemente sob a roupagem de empresa inovadora, que busca resgatar o espírito inocente do período pré-porcos da grande rede. Ao que meu alter ego questiona: isso é compatível com o espírito canino que reina no mundo, hoje?
Uma possível resposta pode ser obtida através do termo de uso do Google Mail (no original, em inglês):
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É impossível não sentir um certo arrepio ao ler tais palavras. Imagina-te, caro leitor, como é fácil descobrir tudo sobre a vossa pessoa: toda a tua correspondência virtual, o teu ciclo de amizades e comunidades, a tua agenda pessoal, as tuas fotos, os teus vídeos, bem como tudo que procurares no oráculo da grande rede. E tudo isso é oferecido de graça para ti! No entanto, a qualquer momento, tais informações podem (e serão) usadas contra ti, caso algum representante do Monstro Frio julgue necessário. E ainda existem aqueles que se expõe cruelmente na grande rede, fornecendo ao mundo os pequenos detalhes de sua existência bestial...
O público e o privado possuem, hoje, uma tênue fronteira e é preciso estar atento, pois nunca a condenação à liberdade (como louquejou Sartre), com todos os apelos que o Grande Oráculo oferece, foi tão verdadeira. E por mais que idolatrem a sociedade democrática e sua suposta liberdade, parece-me cada vez mais verdadeiro que a natureza pervertida do homo sapiens sapiens tenda à selvageria numa busca boçal por velocidade, produção e inovação: falsas palavras que não ajudam a elevar o tipo homem a um estágio que se poderia considerar digno após 3 mil anos de evolução.
Namaste!
3 comentários:
Poucas vezes li um texto tão coeso e coerente com a realidade que nos circula! Parabéns!
Impressionante como a metáfora de George Orwell é válida, retratando os cães, porcos e ovelhas da nossa sociedade. Como ovelhas, acabamos esquecendo a essência da vida: viver!
O maior problema não é a evolução, mas sim o campo onde a mesma ocorre. É normal e esperado que estejamos sempre tentando tentando evoluir para algum lugar.
Em um primeiro momento pode parecer interessante você simplesmente desfrutar o que já possue ao máximo, sem a preocupação de evoluir, mas com o tempo percebe que grande parte da sua "felicidade" vem das novas descobertas que você faz diariamente.
O problema maior que eu vejo, é que os passos dados em rumo a evolução são muito largos. Deixamos vários estágios sem serem explorados no processo, apenas para no futuro, olharmos para trás e perceber que deixamos de lado coisa que realmente nos realizavam, e simplesmente atropelamos, em busca de novas coisas.
Como o Tiago bem lembrou no comentário anterior, temos que nos preocupar com a essência, que é viver, e viver nesse caso, é aproveitar ao máximo todos os estágios da nossa evolução, sem pressa, sem atropelamentos...
Há uma passagem nos escritos do filósofo Nietzsche, quando este divaga a respeito de sua teoria do eterno retorno, que diz que devemos nos dedicar de corpo e alma a aquilo que nos dá prazer, a aquilo que para nós faz sentido. E que devemos buscar o próprio sentido da nossa existência, uma vez que ele não existe por si só.
Naturalmente para cada pessoa isso deve variar bastante. Mas o essencial seria viver em busca da plenitude e ao mesmo tempo, tentando entender qual seria a própria plenitude, visto que tudo voltaria de qualquer forma. E viver pura e simplesmente é uma das formas mais interessantes de se atingir a plenitude individual.
Abraços.
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