terça-feira, 8 de abril de 2008

Emolumentos da Ignorância

Estava eu a esperar por uma autenticação num destes estabelecimentos provenientes da era Industrial quando, na sonolenta espera, recebi por fim a autenticação que fui buscar e, junto com ela, o recibo que dizia: emolumentos. Num louquejar repentino, desnudando o verbete do seu significado intrínseco, pensei cá comigo mesmo que tal palavra servia bem para definir aquele lugar e também aquelas pessoas, cujo trabalho mecânico era estúpido demais para suportar e, como conseqüência inevitável, terminaria por aniquilá-las em absoluto até o precipício humano da mecanização!

Para comprovar com fé pública de um burrocrata que um documento é verdadeiro torna-se imperativo tal autenticação. E, no breve intervalo entre a entrega do documento e recibo, freei o meu instinto libertador de atirar-me para fora daquele ambiente e fiquei sentindo a sonoridade da palavra fatídica emolumentos...

E, ao pensar em todo este estado de coisas, retardei a minha saída do recinto e parei-me para observar o ambiente e constatei que todos ali tinham em sua face uma expressão que me dizia: emolumentos! E, repetindo tal palavra, cortei-a e o novo som que me ocorrera era: emolumentos, emulamentos, emolu, emula, sim, e-m-u-l-e!!! Esta é a palavra dos novos tempos! Um software livre que transporta um mundo de bits da era digital, ao facilitar o compartilhamento de arquivos entre milhões espalhados pelo mundo!

E quais são as semelhanças entre a mula digital e a industrial? Ambas carregam o peso da sua era, porém uma está fazendo o serviço sujo através da inteligência humana, deixando para o homo sapiens sapiens a tarefa de divertir-se e obter conhecimento que beira ao infinito. A outra mula, formada por humanos, refere-se a uma realidade decadente, na qual perpetua-se a ignorância do cruel tipo homem.

E, ao finalmente sair do ambiente, acender meu cigarro e poder respirar ar puro, deixando as emulamentas para trás, não me senti triunfante, mas apenas sereno: pois ao menos meu alter ego conseguiu sobreviver a tal ambiente sem deixar-se contagiar por ele e, rapidamente, um breve poema nasceu ao sol infernal de final de março no Impávido Colosso.

Namaste!

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O Emolumento e a Mula

Emolumentos,
Quantas mulas a carimbar!

Na fila sofrida,
O som da chamada é libertar!

Nem o rosto patético,

Nem o procedimento absurdo,
Far-me-á desisitr.

Finalmento é hora de ir embora
E o som do carimbo a emular
Não me faz delirar!

Porque a verdadeira mula sou eu
Que paga e sustenta
Estas emulamentas!

Alter Ego

2 comentários:

*Caroline Schneider* disse...

Oi primo! Dei muitos risos com a tua história e também com o poema! Escreves bem pra caralho! rsrsrs Bjks ;)

bluebird disse...

Oi Carol, que bom que gostaste do post, penso que escrever bem é um dom de família, hein? ;)

A propósito: eu vi a reportagem no Fantástico, estavas muito bem nela, parabéns!

Bjs