Estava eu navegando despreocupadamente na grande rede quando deparei-me com uma notícia deveras triste para os apreciadores da boa música: o falecimento de um músico e fundador do Pink Floyd, Richard Wright. Como Syd Barrett em 2006, agora Wright transcendeu ao plano imaterial do absurdo. Assim, a possibilidade de assistir a maior banda de todos os tempos novamente em sua formação clássica não existe mais.
E, ao pensar na qualidade musical dos dias atuais, com grupos que mais parecem saídos de desenhos animados, com letras sem conteúdo e virtuosismo duvidoso, pensei em uma banda inglesa que, apesar de ser considerada por muitos como a maior de todos os tempos, meu alter ego devaneia que os Beatles ocupam o honroso segundo lugar, através justamente do Pink Floyd. É que comparar estes dois grupos é uma tarefa difícil, pois são dois estilos diferentes: enquanto a virtude de um está na complexidade musical e conteúdo filosófico profundo, a virtude de outro está na simplicidade e conteúdo mundano.
Nem por isso, entretanto, meu alter ego deixa de valorizar tal estilo e reconhecer a importância dos músicos de Liverpool na história da música. E, um dia antes da morte de Wright, assisti ao musical Across the Universe, que é uma homenagem aos Beatles e cujas músicas são cantadas pelos próprios atores. Nada como um musical! Unir música e cinema é algo que, se bem feito, pode gerar resultados muito interessantes. The Sound of Music, Hair e até Moulin Rouge... todas boas opções.
A história em si possui um roteiro simples (tão simples quando uma música dos Beatles), mas um ponto merece análise. O dilema fundamental da trama reside no fato do jovem inglês Jude, que foi aos Estados Unidos em busca de suas origens, estar apaixonado por Lucy, jovem estudante sem maiores preocupações. Tudo vai bem até que ela se envolve em questões políticas contra a guerra do Vietnã e termina por dividir-se entre o relacionamento com Jude e a entrega à causa política.
Será que a realização individual alheia aos acontecimentos que cercam o indivíduo é possível? Por outro lado, não é deveras perigoso a entrega incondicional a uma causa que, para vencer o inimigo, utiliza as mesmas armas de porcos e cães? Não é um risco demasiado estar tão próximo ao abismo a ponto do próprio abismo e do próprio indivíduo confundirem-se numa única coisa? Questões cujas respostas são peculiares de cada tempo e sujeito... Across the Universe, como era de se esperar, escolheu o caminho da realização individual, unindo novamente o casal, à margem das questões de seu tempo.
Os Pink Floyd, apesar de toda à crítica social presente em seus álbuns, talvez seguissem um caminho semelhante, como fica notório em Animals, álbum conceito que demonstra com as duas partes de Pigs on the Wing que seria possível transcender ao mundo ordinário composto por cães, porcos e ovelhas através da união incondicional entre dois indivíduos.
Namaste!
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Across the Universe (2007)
» Direção: Julie Taymor
» Roteiro: Dick Clement e Ian La Fresnais, baseado em estória de Julie Taymor, Dick Clement e Ian La Fresnais
» Gênero: Musical
» Origem: Estados Unidos
» Duração: 131 minutos
» Sinopse: Um casal apaixonado se envolve nos movimentos da contracultura de Liverpool nos anos 60. Dirigido por Julie Taymor (Frida) e com Evan Rachel Wood e Bono no elenco. Recebeu uma indicação ao Oscar.
Fonte: Adoro Cinema
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Across the Universe
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